Evento: Vision of the Rock Festival Data: 25/08/2012 Local: Teatro João Lyra. Caruaru/PE Bandas: - Uncivilized (Epic Death Metal – PE) - Hate Embrace (Death Metal – PE) - Assassin (Thrash Metal – Alemanha)
Resenha: Valterlir Mendes Colaborou: Fernando Barbosa Fotos: Gilvan Mariano e Valterlir Mendes
Depois de um bom sono e baterias recarregadas, chegava a hora de novamente pegar a estrada, só que dessa vez de Campina Grande para Caruaru – duas cidades que disputam o “título” de “capital do forró”, mas que nos últimos dois dias estavam fazendo a alegria dos Headbangers.
Peguei a estrada juntamente com um pessoal de Campina Grande, numa van, e nos dirigimos, por volta das 17h30, para a cidade onde aconteceria mais uma edição do Vision of the Rock Festival, organizado pelo sempre batalhador Levi Byrne. Viagem tranquila, porém com muitas paradas, algo normal, afinal o pessoal não aliviou na bebedeira.
Chegamos a Caruaru beirando as 21h00, e já se podia ver uma pequena movimentação no local do evento, o Teatro João Lyra, inclusive com alguns bangers advindos da capital pernambucana. Na frente do local um bem iluminado banner, que era o cartaz do show, e outro menor, com uma pequena saudação do produtor do evento, uma forma de agradecimento aos que se fariam presentes.
Foi a primeira vez que fui conferir um evento acontecendo em Caruaru, porém, antes disso, eu já havia ouvido falar sobre os eventos organizados pelo Levi. As informações que chegavam até mim eram as melhores possíveis e que quando eu fosse ver um show organizado por ele iria ver um grau de profissionalismo fora do comum, no que se refere a Underground.
A área usada para o palco foi a externa do Teatro. E que palco! Antes mesmo de se iniciar os shows já dava para ver que o cuidado tomado foi extremo. Palco bem profissional, com canhões de luz e quando a primeira banda começou o show, aí foi que deu para perceber que os bangers iriam se deparar com algo fantástico. Iluminação perfeita. Palco perfeito. Sonorização perfeita! Com certeza, valeu cada centavo pago no ingresso.
Em conversa com Levi, ele me falou sobre a correria para fazer algo de qualidade, e que todo o dinheiro que recebeu de patrocinadores foi devidamente investido no evento. Isso deu para notar, mesmo antes de entrar ao local do show.
Havia duas áreas, uma com o palco montado, onde aconteceriam os shows, óbvio, e a outra com stands para vendas de CDs, camisetas, bebidas, comidas e um pequeno telão, que rolava clipes antes dos shows e durantes seus intervalos.
O público foi mediano. Eu esperava ver mais pessoas, principalmente da própria Caruaru, já que muitos que eu vi por lá eram de outras cidades, boa parte da capital pernambucana, e ainda Garanhuns, Campina Grande... Acho que havia entre 300 e 400 pessoas.
A primeira banda da noite começou seu show após as 23h00, e estava lançando o seu álbum de estreia, “Destination”. Sou até suspeito para falar acerca do Uncivilized, já que é uma banda que tem uma sonoridade que gosto bastante e foge do habitual, além de eu a acompanhar desde a sua Demo, “...And First We Heard the Wolf”. Com mudanças em sua formação, adicionando mais um guitarrista, a banda contou com a ajuda de um palco perfeito, tanto em iluminação como em sonorização, e isso fez com que o show já começasse em alto nível. “Destination”, faixa título do primeiro álbum, foi a responsável por abrir o ‘set’ do Uncivilized. A escolha não poderia ser melhor. A música é magnífica e resume bem o que é a proposta da banda: fazer Death Metal, mas com características bem peculiares, apresentando momentos de rispidez, brutalidade e velocidade, mas também acrescendo andamentos bem trabalhados, épicos, com doses cavalares de melodias bem apuradas, e isso tudo se transformando em Epic Death Metal. A alternância entre vocais graves/guturais com passagens mais limpas enriquecem ainda mais a música do Uncivilized. Tudo soava límpido, mesmo que por algumas vezes os vocais de Sandro Augusto ficassem um pouco baixo. Por falar em Sandro, ele é o responsável pelos vocais guturais, porém não deixa de colaborar com algumas vocalizações mais limpas, ao lado do guitarrista Nilson Castelo. O ‘set’ apresentou apenas cinco músicas, mas vale salientar que são músicas longas, ou seja, foi um show com uma boa duração, de mais uma ótima banda a surgir no Underground pernambucano. Destaco, aqui, todo o show, mas vale fazer uma menção honrosa a excelente música “The Inca’s Trial (Skyblast)” e a minha preferida “Flagellum of God”. A banda é complementada por Augusto Clemente (baixo), Joabson Branntwein (guitarra) e o demolidor baterista Erik Cavalcanti (essa cara toca muito!).
Findado o primeiro show da noite, depois de um bom bangin’, era momento dos bangers voltarem para o outro espaço, tomar uma cerveja, comer algo, comprar algum merchandising ou simplesmente ficar curtindo vídeos no telão, enquanto se ajustava o palco para a próxima banda...
...E a próxima banda foi o Hate Embrace, que também estava fazendo o show de lançamento de seu primeiro álbum, “Domination.Occult.Art”, que, diga-se, é excelente! A banda é adepta do Death Metal, porém, assim como o Uncivilized, não fica no lugar comum do estilo, nem se apega aos seus clichês. Adicionando o uso de teclados, esses a cargo de Tamyris Daksha, que funcionam como complemento da música do Hate Embrace, a banda fez um show que chamou bastante à atenção dos presentes, passando uma energia contagiante aos presentes. Deu para perceber, até para que ainda não conhecia a sonoridade da banda, a inclusão de andamentos bem peculiares na música, inclusive com elementos de música oriental, fazendo lembrar filmes que abordam temas egípcios em sua história. Eu havia visto um show da banda alguns meses atrás, mas não foi dos melhores, até porque toda a banda, que é um sexteto, mal coube no palco naquela oportunidade. Dessa vez, contando com uma grande estrutura, o Hate Embrace mostrou grande poderio de fogo, e fez um show que beirou a perfeição. Músicas bem construídas e carregadas de um feeling incrível. Os vocais de Freddy Houde seguem uma linha mais brutal, gutural ou grave, que são mesclados a vocais mais limpos, esses feitos pelo guitarrista Thiago Styrken, criando, assim, uma atmosfera bem interessante em temas como “Ceremony ov Heka”, “ArchaiCreation” e “IntroTherSide”. Por falar nesses temas, a banda tocou o seu ‘debut’ álbum na íntegra, e a sequência foi a mesma contida nesse álbum, ou seja, sem tempo para respirar, e ainda mais quando executaram a excelente “Warrior by Nature”. Ainda houve tempo para a participação de Diego D’Urden (Infested Blood) dividindo vocais em “The Father Sun”. Além das músicas próprias, a banda ainda mandou uma versão para o Hino de Pernambuco e um cover para “Transform All Suffering Into Plagues” do Rotting Christ. O Hate Embrace cativou os presentes e a sonorização ajudou a banda, que precisa de um bom som para mostrar suas qualidades.
Mais um intervalo e novamente o pessoal sai para se refrescar, apesar da noite fria que fazia em Caruaru, ou para ver alguns clipes. Por falar em clipe, Levi aproveitou para já anunciar o próximo show: o trio Nervosa, formado só por mulheres, foi anunciado como a próxima atração do festival, para novembro, se não me falhe a memória. E Levi não parou por aí, já que alguns instantes depois foi para o palco e instigou o público a fazer as tradicionais rodas de moshes, tão populares num show de Thrash Metal. Isso queria dizer que era hora...
...Do Assassin! A banda, que vem fazendo uma turnê pelo Brasil, fez sua única apresentação em Pernambuco no Vision of the Rock Festival e o público se aglomerou perto do palco para ver essa veterana banda alemã em ação. E quem esteve presente viu que os anos só fizeram bem a essa lendária banda de Thrash Metal. Mesmo que em alguns desses anos a banda tem se mantido separada, a essência continua lá, intacta. Então, vale novamente mencionar, com uma sonorização que deixava tudo soando nítido, a banda desferiu verdadeiros petardos Thrash, sem poupar ninguém. Então tome “Fight (To Stop the Tyranny)”, “Judas”, “Breaking the Silence”, “Baka”, anunciada como uma música japonesa, “Assassin”, entre tantos outros clássicos que fizeram e fazem a cabeça dos thrashers. A banda se portou muito bem em palco, passando a energia característica de uma banda de Thrash Metal, inclusive com o vocalista Robert Gonnella se movimentando o tempo todo, e vez ou outra arriscando uma comunicação com o público. Mas o que chamou mesmo a atenção foi a forma como o guitarrista Michael Hoffmann se comunicava com os presentes, totalmente em português. O guitarrista mostrou uma simpatia fantástica, além de se mostrar bastante feliz em estar tocando para os pernambucanos, algo que foi dito por ele, em alto e bom português. Com certeza isso cativou ainda mais os bangers presentes, que obviamente abriam rodas de moshes em temas como “Holy Terror”, “Bullets”, “Abstract War” e “Resolution 588”, além de cantar, acompanhando as ordens de Robert, o refrão de “Assassin”. Por falar em Robert, ele entrou com uma máscara do Homem Aranha quando a banda começou a executar “Raging Mob”, música presente no álbum “The Club”. Não sei qual a ligação entre o personagem e a música, talvez seja por Robert ser apenas fã, vai se saber. Outra música que chamou a atenção, principalmente por ser algo que remete ao Brasil, foi “Psycho Terror”, que tem, em seu início, uma música incidental, que se trata de “Mosca na Sopa” de Raul Seixas. A banda fez um ‘set’ longo, mas não cansativo, mesclando músicas de toda a sua carreira, e mostrando que os anos só fizeram bem ao Assassin, mantendo intacta sua forma de fazer Thrash Metal e agitar o público. Um show que ficará, para sempre, na mente dos presentes. Puro Thrash!
Não há mais o que se falar, apenas parabenizar a produção do festival, que teve a sua frente o guerreiro Levi Byrne, e que propiciou uma noite inesquecível aos bangers, que se portaram (algo que não é de se espantar) de forma exemplar, sem qualquer briga ou incidente violento. Estavam todos lá para confraternizar e assistir a ótimos shows. O frio também estava presente, e até mesmo uma pequena garoa chegou a cair, durante alguns instantes do show do Assassin, mas nada que chegasse a atrapalhar. Noite perfeita!
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário